Ensino da cultura africana e afro-brasileira
nas escolas ainda encontra resistências
CARLOS ANDREI SIQUARA
Em prol da igualdade
Se há quase uma década o ensino da história e da cultura afro-brasileira
ocupa um espaço a ser respeitado no currículo das escolas, isso se deve à luta
do movimento negro que vem defendendo a inclusão de temas caros ao
reconhecimento da população negra como um dos pilares fundamentais para a
formação do Brasil. Impulsionado pela Lei 10.639, que, a partir de 2003, não só
tornou obrigatória a presença desse conteúdo em todas as instituições de
ensino, como fixou a permanência da comemoração do Dia Nacional da Consciência
Negra no calendário escolar, tal iniciativa, embora represente conquistas e
avanços, ainda esbarra em obstáculos após dez anos.
Emperram o processo diversos fatores. Dentre os principais, professores
e especialistas destacam o mito da democracia racial que ainda reverbera em
muitos discursos; o preconceito institucionalizado; as lacunas na formação dos
educadores e a intolerância religiosa. O último ganhou projeção recentemente
com o depoimento do professor Joilton Lemos, publicado em sua página pessoal do
Facebook no dia 21 de novembro, em plena semana de atividades em torno do Dia
Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, data da morte de
Zumbi, líder do quilombo dos Palmares.